Onde há fumaça, há fogo. ( Miss Marple já alerta). - Mas, se você esquecer a fumaça e for diretamente ao fogo saberá onde está e irá diretamente aos fatos.
Esta é a frase perfeita para esse livro. Caro leitor, se você seguir o conselho de Miss Marple, conseguirá se guiar por entre a névoa e "apagar o fogo". Eu simplesmente amei essa história, não desgrudei um minuto sequer! Você não faz questão de saber o final, de prestar atenção em detalhes, a curiosidade te corroi e te faz ler e ler. Chuta qualquer um e vai... vai... página por página....até a 120. Nem percebi. Mais um pouco e... Opa! 167.
Como Agatha conseguiu esse efeito eu não sei, só sei que ficou surpreendente. O mistério permanece, sem pistas, sem bases, sem nada para observar, mas parece que há algo, que há pistas em cada conversa que Jerry, nosso apaixonado narrador, tem pela Harley Street. Não sei o que causa esse efeito, essa ilusão de ótica, tão comum nos livros de Agatha, mas completamente diferente nesse. A autora nos leva, nos conquista aos poucos, e de uma forma que mal damos importância aos crimes do livro. Talvez nem ela mesma tenha dado importância a eles, e talvez foi isso que me causou tanta impressão ; fez eu me "perder na fumaça". Honestamente, não dá pra perceber o que é verdade e o que é mentira;eu me envolvi tanto no livro que comecei agir da mesma forma que os habitantes de Limstock. Todos se olhavam com desconfiança, procurando um assassino, um louco, entre eles. E eu olhava para as páginas procurando alguém normal entre eles. Parecia que todos faziam algo estranho, que todos estavam em atitude suspeita. Se a Srta. Barton ficava com as bochechas coradas enquanto o Sr. Pye falava com ela sobre o assassinato de Agnes, imediatamente acusava a Sra. Barton. E vejam bem, é absolutamente normal uma respeitável senhora ficar com as bochechas coradas falando de um assunto tão desagradável!
A grande manobra de Agatha aqui foi fazer as pessoas acreditarem que existia fogo. Não é necessário existir algo, basta fazer os outros acreditarem que existe, e pronto. Economia de esforço, e o sucesso é muito maior. E junto com isso, ainda há um desvio de atenção, como diz nossa querida Tia Jane, " Cometer com êxito um assassínio deve ser como fazer uma mágica. É preciso fazer as pessoas olharem para a coisa errada no lugar errado... desorientá-las".
É, meus caros. Esse livro não é bem um teste de inteligência, é um teste de percepção. Se conseguir desvendá-lo, ultrapassar a densa nuvem de fumaça em que Agatha envolveu esse crime simples, tem minha admiração.
Por isso, vá em frente. Você pode tentar.
Título Original: The Moving Finger
Lançamento: Julho de 1942
Editora: L&PM Pocket
Link para resumo: http://www.lpm.com.br/site/default.asp?Template=../livros/layout_produto.asp&CategoriaID=372905&ID=901115
DICAS PARA DESVENDAR
Esta parte é bem difícil, porque esse livro é para aprender, não tem como base nenhum outro crime. O problema aqui é justamente imaginar o que aconteceu, então, se você manter a mente aberta e focar apenas nos fatos, conseguirá com certeza descobrir a Mão Misteriosa ( e Assassina). O crime é absolutamente simples, óbvio, e Agatha foi genial colocando-o da forma que fez. Minha dica é: não comece pelo começo, não leia a sinopse e ignore o título. Todos esses fatores, mais a narração de Jerry induzem seu olhar a algo que apenas parece importante. Afinal, a fumaça é sempre maior que o fogo.
Links para outras resenhas:
http://pensamentosdojoshua.blogspot.com.br/2011/08/resenha-mao-misteriosa-de-agatha.html
http://www.escrevendoaospouquinhos.com.br/2012/09/sobre-livros-71-mao-misteriosa.html
http://adevoradoradelivros.blogspot.com.br/2011/10/mao-misteriosa.html
* OBS: No último link, a resenhista diz que Jerry e Joanna são gêmeos. Eles são apenas irmãos, e a própria Agatha diz que eles não são parecidos fisicamente(o que levantou a minha suspeita, lógico :) .
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