sábado, 22 de fevereiro de 2014

Adoro Agatha Christie!

  Sempre que termino um livro dela, acabo pronunciando essa frase. Com algumas variações, claro. As mais comuns são: "Te amo Hercule Poirot!" e " Meu bigodudo belga"(essa sempre seguida de um loooooooooongo suspiro). Mas hoje eu fiquei com 'Adoro Agatha Christie' mesmo. Isso porque o livro que eu terminei é Os 13 Problemas, e não tem Poirot, só Miss Marple. E sair por aí dizendo "te amo, velhinha dos olhos benevolentes e cinzentos" pegaria mal, né? rsrsrsrsrs.
   Mas é a pura verdade. Quem não se apaixona pela Miss Marple? Primeiro que ninguém resiste a uma velhinha simpática que faz tricô e tem olhos azuis. Agora, acrescente a isso o fato de que essa velhinha é uma detetive de vilarejo melhor que todos os Inspetores da Scotland Yard juntos! Aí fica irresistível mesmo.    Mas voltando ao assunto inicial, vim aqui recomendar "OS 13 PROBLEMAS". Se não tiver na biblioteca, pode comprar que vale a pena. Na LPM custa a merreca de R$16,00.  O livro traz à tona mistérios sem solução, com 'fatos verdadeiros, prosaicos e que ninguém jamais conseguiu explicar'. Para solucionar esses mistérios, é criado o Clube das Terças Feiras, que se reúne na casa de Miss Marple, em St. Mary Mead. Uma velhinha simpática, travessa, aparentemente inofensiva, é na verdade, uma detetive de mão cheia. Dona de uma mente muito sagaz, enquanto trabalha com as agulhas, ela escuta cada mistério com atenção, narrados por um escritor, uma artista, um sacerdote, um ex-comissário da Scotland Yard e um procurador.
      
Miss Marple, sempre
 irresistível!
 Eu simplesmente adoro esse livros que tem várias histórias juntas. Os Primeiros Casos de Poirot foi o primeiro livro que comprei, justamente porque tem 18 histórias. Sei lá, parece que quando tem várias histórias em sequência, o livro nunca acaba, é eterno. E se você erra o assassino em uma,tem chance de se recuperar na outra ( o que quase nunca acontece, rsssss). Ao mesmo tempo, temos que ter uma consideração Enorme com Agatha, que se deu ao trabalho de escrever treze histórias para um livro. Fazer uma história, com todos os elementos, detetive, crime, pistas, pistas falsas, personagens cativantes, etc.. já exaspera qualquer um, imagine fazer treze histórias com tudo isso! Tem que ter uma criatividade...
 E é por isso que eu "adoro Agatha Christie". Adoro não, amo. Em 2014 vão fazer dois anos de puro amor entre nós duas rsrsrs :D . Mas o meu amor por Miss Marple é recente, gostaria de ter conhecido ela antes. Não sei porque demorei tanto tempo! Acho que tive medo de amar ela mais do que Poirot. Porque vocês sabem, quem experimenta Poirot, nunca mais quer saber de outro adoçante detetive. Mas claro, imbecilidade minha. São duas pessoas completamente diferentes, apesar de serem igualmente geniais. Mérito de Agatha. Agradeço a ela todos os dias por isso.
 FRASES DO LIVRO

Algumas frases encantadoras que representam bem Miss Marple:

" São sempre as pessoas terrivelmente cuidadosas que perdem as coisas"

"Tenho receio de não ser tão habilidosa quanto vocês, mas viver tantos anos em St. Mary Mead oferece às pessoas uma certa compreensão da natureza humana" (é o que parece...)

" - Por que diz "que se dizia jardineiro", tia Jane?- perguntou Raymond, muito curioso.
  - Bem, ele não poderia ser um jardineiro de verdade, poderia?- disse Miss Marple. - Jardineiros não trabalham na segunda-feira de pentecostes. Todo mundo sabe disso.
 Ela sorriu e dobrou o tricô."

" Todo mundo é muito parecido. Ainda bem que ninguém se dá conta disso."

OBS.: Começei essa semana "Os Elefantes Não Esquecem", que tem a participação de nossa adorável Ariadne Oliver ( a propósito, descobri que Miss Oliver é viúva e tem uma secretária chamada Srta. Sedgwick, que lamentavelmente está sendo substituída pela Srta. Livingstone, que tem cara de cavalo.)
Elefantes nunca esquecem
E eles nunca perdoam

 Hã? Ah, sim! O que achei do livro? Muitos 'elefantes' até a página 115. Isto é, 'elefantes' estão presentes até nas conversas mais comuns, ao telefone. Pra se ter uma ideia, o título de um capítulo é Resultados do Safari. E olha que a Sra. Oliver nem saiu de Londres! 

   Até agora não deu pra descobrir o que os nossos 'elefantes' não esqueceram. É um crime em retrospecto, há inclusive citações aos outros casos assim de Poirot, como 'Os Cinco Porquinhos' e 'Festa das Bruxas'; resta saber se o assassino será o mesmo disfarçado 'de outra história'. Conto na semana que vem :D .



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Como desvendar um 'Mistério no Caribe'

Título Original: A Caribbean Mystery
Lançamento: 16/11/1964
Páginas: 256
Editora: LPM Pocket

Lendo Mistério no Caribe? O link acima vai te redirecionar para o site da L&PM, onde tem uma sinopse, e clicando em "Leia um Trecho", logo abaixo da foto do livro, é disponibilizado18 páginas online. O livro não é difícil, mas se você não manter o foco, pode se confundir. Todos sabemos que Agatha é mestre nas pistas falsas e em tirar o foco do assassino, ferrando com a sua teoria e fazendo você ficar com aquela cara de anta na última página. Mas, podemos mudar isso.Com um pouco de análise, observação e imaginação.... voilá! Já pode dizer que sabia quem era o assassino. Vamos lá.
     Há uma solução infalível, e que aprendemos na escola: se colocar no lugar do outro(nesse caso, a autora).
" Não tem ideia de como é importante para mim, Watson. Eu olho para você, e vejo exatamente a pessoa que o assassino quer parecer. E então, eu o pego"- Sherlock Holmes.
A autora também quer que você tenha uma visão estratégica do caso, que vai te impossibilitar de descobrir o verdadeiro assassino. Se você já leu outros livros de Agatha, vai perceber como fatos extremamente importantes são diminuídos, às vezes mencionados apenas uma única vez. Observe e anote fatos que podem ajudar a montar a cena depois, principalmente no que se refere a caracterização dos personagens, e desconfie quando algo aparentemente sem importância é seguido de uma 'frase de efeito.'
  Agora, vamos juntar isso com uma dose de imaginação. Pense bem. Você é um autor de  livros de mistério famosíssimo. Está viajando pelo Caribe e com uma vontade incontrolável de escrever, principalmente porque este parece ser um lugar calmo e tranquilo, com um mar imenso. E claro, é exatamente nesses lugares calmos e tranquilos que acontecem os crimes. Há sempre um fato peculiar no lugar, no local onde o crime é cometido.Ou o lugar é calmo e tranquilo ( Assassinato na Casa do Pastor ), ou é completamente isolado ( E não sobrou nenhum),ou é completamente improvável ( Cartas na Mesa ). Mistério no Caribe está na primeira colocação. Isso já dá para saber pelas primeiras páginas, quando um livro começa com "Um local encantador e quente....um cenário tão lindo....com um lindo bangalô à sua disposição e empregadinhas nativas sorridentes para servi-la..." já sabemos que vai haver um assassinato, e daqueles. Nada de joias da Coroa roubadas, planos de submarinos em perigo e pessoas desaparecidas. É assassinato mesmo.
 Bem, continuando. O autor já sabe como vão ser as pessoas, como vai ser o assassino, e ele adequa o assassino ao crime. Um assassino calculista e metódico jamais mataria uma pessoa no calor do momento, jamais colocaria em prática um plano sem considerar devidamente as consequências, o álibi, a oportunidade... Já um assassino ousado faz tudo isso, apenas aproveitando a chance que o destino lhe der. Se se sente ameaçado e tem uma arma a sua disposição, ele pratica o crime. Sem pestanejar. Portanto, os personagens devem estar adequados a história, e o crime ao seu assassino. No lugar do autor, quem você escolheria para ser o assassino? Não, esqueça a suspeita. Esqueça as circunstâncias do crime, pois essas podem ter sido forjadas. Apenas lembre dos personagens e do jeito que a autora os trata. Lembre da sua posição na cena. Quem estava na cena? Vejamos este trecho da sinopse (adoro sinopses... são muito reveladoras se você souber observar): "Jane Marple finalmente vai começar a se sentir em casa, pois ela tem certeza de que um crime foi cometido, e que talvez outros ainda aconteçam."
 Inferências:
1) Somente Miss Marple tem certeza de que um crime foi cometido? Por que? Quer dizer que temos um assassinato que aos olhos de outra pessoa, pareceria natural. 
2) Um crime foi cometido. Talvez outros ainda aconteçam. Outro trecho: Até que, subitamente, o major aparece morto, sem um diagnóstico preciso. Miss Marple começa a repassar a última conversa com o soldado e se lembra de ter ouvido uma história sobre um assassino, que usara o mesmo método mais de uma vez  para matar mulheres.....
    .....A encantadora velhinha investigadora criada por Agatha Christie passa a acreditar que um assassino está a solta nesse paradisíaco cenário e inicia uma investigação que inclui hóspedes e trabalhadores do hotel...
   Bom, temos o primeiro assassinato. O Major Palgrave. "Sem um diagnóstico preciso", não é exatamente assim. Se não houvesse um diagnóstico preciso, a polícia seria envolvida e de acordo com o trecho sublinhado, somente Miss Marple desconfia que foi um assassinato. Somente ela tem certeza, mais ninguém.  Portanto, o morto foi enterrado com o diagnóstico de morte natural, ou em decorrência de problemas de saúde. Logo, ele foi envenenado, não há outro método para matar uma pessoa e querer que a morte seja natural. O trecho em negrito, diz que Miss Marple ouviu do Major uma história sobre um assassino(essa história está disponível nas 18 páginas) que mata mulheres. Portanto, esse assassinato não é o objetivo do nosso assassino, já que o Major Palgrave não é uma mulher. Logo, outros assassinatos vão acontecer. 
3) Juntando a sinopse, com as primeiras 18 páginas do livro, temos:
a) O assassino é um homem.
b) Haverá pelo menos 2 assassinatos no livro
c)A morte do Major foi dada como natural. O assassino age rápido, é inteligente e está disposto a correr qualquer risco para não ter seu plano prejudicado. Temos uma personalidade. O assassino achou que o Major representava uma ameaça para seu plano. Por isso o matou. Mas esse não é o assassinato original. O original ainda está por vir, e será de uma mulher.
d)Mais um fator na personalidade: excesso de confiança e falta de criatividade. .".Um assassino, que usara o mesmo método mais de uma vez para matar mulheres.." Quando alguém comete um crime, e não é descoberto, vai ganhando confiança e repete esse crime, porque sabe que não será descoberto. Até que isso se torna um hábito, e pela falta de criatividade ele é pego. Ao que parece, por Miss Marple.
 Então, tiramos tudo que dava. Só que mais paciência, leitor. Agatha é muito esperta, engenhosa, e ao contrário do nosso assassino (e do Major) é extremamente criativa. Isso é o que ela quer que nós acreditemos. Pode ser verdade, pode não ser. Conforme você vai lendo, vai confirmando ou colocando de lado as inferências iniciais. 

Há sempre uma dificuladade. Vou dar uma dica, porque já li: preste bem atenção as características do Major, uma em especial pode ser bem esclarecedora.Volto a dizer: imagine a cena, exatamente como ela é descrita no livro.E considere todas as pessoas que estão nela.Observe sempre pela visão que o autor tem dos seus personagens, nunca pelo narrador. Porque o narrador pode dar ênfase ao que ele bem entender, e é sua tarefa perceber quando algo está sendo deixado 'apagado demais'.