Os Elefantes Não Esquecem ( Poirot e Ariadne Oliver)

O pessoas! Tudo bem com vocês? Bom, hoje a resenha é sobre um livro raro, meio esquecido, da nossa querida Agatha: Os Elefantes Não Esquecem. Justifico a afirmação anterior: mil livros me passaram pela cabeça para resenhar aqui, menos esse. Eh bien meu caro, mas eis, que um belo dia, passeando alegremente pela biblioteca, encontro um livro meio, meio... esquecido, tanto pelo tempo quanto pelos leitores. Não sei porque o livro me chamou atenção, talvez pelo estado deplorável em que o pobre estava ( acrescento aqui que a data de entrada na biblio era 1985. Sim, oitenta e cinco! 29 anos sem uma reforminha que fosse!), talvez porque a capa fosse branca. Sim, absolutamente branca, nula, não tinha sequer o título do livro. Bem, abro o livro, e o que encontro na primeira página?
AGATHA CHRISTIE
(duas linhas abaixo-BEM amarelado e apagado)
OS ELEFANTES NÃO ESQUECEM
Estava lá, não tinha jeito. O livro veio para as minhas mãos,  me senti na obrigação de escrever essa resenha, embora seja difícil, porque quando se ama muito alguém; um cantor, uma autora, sei lá; tudo o que ela faz é perfeito. Inconscientemente, diminuímos os defeitos, procuramos sempre o sentido, o melhor lado da história.E é bem isso que eu vou fazer, comunico logo ;D.
 O que falar sobre esse livro? Elefantes, elefantes, elefantes, para todos os lados.A leitura é bem empolgantes (para mim), mas não há nada sangrento e/ou macabro e/ou movimentado. Para começar não indicaria este livro, mas para quem conhece a maravilhosa obra de Agatha, em especial Ariadne Oliver, sim, com certeza. 
A história tem todos os elementos básicos, mas é diferente das outras, especialmente no começo. Não há qualquer crime, é apenas uma dúvida de Mss. Oliver ( - Quero saber porquê ela fez aquela pergunta. Que diferença faz, se foi a mulher que matou o marido primeiro ou o marido que matou a mulher?)
De fato, essa pergunta foi o mistério mais intrigante do livro, e até agora acho que a resposta foi fraca. Não fez sentido pra mim, simplesmente isso. Ela fez de uma pulga um elefante (sim, eu disse que havia elefante pra tudo quanto era lado). Pra clarear um pouco, vou tentar expor a trama:
PARTE 1- Ariadne Oliver, muito a contragosto, vai a uma festa em sua homenagem. Tudo corre bem, mas no final ela encontra uma velha estranha, que desenterra um crime ocorrido há 15 anos. Isso faz a maravilhosa imaginação de Mss. Oliver andar, e ela vai rumo a casa de Hercule Poirot.
PARTE 2- Os dois começam a investigar a morte do casal Ravenscroft, um choque na época. Eles foram encontrados mortos juntos, uma arma entre os dois.A polícia concluiu que foi suicídio, ou um pacto de morte, só que não havia motivos para isso. Tinham dois filhos, Celia e (não lembro o outro)  eram felizes. Bom, o crime é esse. Poirot e Oliver começam a investigar esse crime, porque Celia é afilhada de Ariadne, mas para isso, eles conversam com pessoas que estiveram presentes na época. Essas pessoas são os elefantes que não esquecem (adorei isso/ tem um capíulo do livro que é 'Resultado do Safári').
PARTE 3- As coisas ficam mais claras. Ou mais ou menos claras. Isso foi o que mais me incomodou no livro, as ouras 2 partes parecem uma narrativa histórica. Pessoas, relatos, poucas ou nenhuma pista. Dos 3 livros de Agatha, que são crimes em retrospecto, que li até hoje, esse foi o que menos me prendeu. Pra mim, Os 5 Porquinhos foi o melhor, e achei Um Crime em Retrospecto fantástico. Agatha usou o sobrenatural, a coincidência extraordinária e um final inacreditável.Adoro quando ela faz isso.
  Mas nesse livro ela não fez. Na verdade, não sei bem definir, me parece que ele fica num meio termo entre aquele crime nu, sem enfeites, mas fascinante e aquele crime mais complicado, cheio de perguntas e respostas a história inteira.
A FAVOR
Gostei muito dos trocadilhos com os 'elefantes'. Há partes até engraçadas, e a presença de Ariadne Oliver faz tudo ficar mais leve. O enredo é criativo, o livro é que é cansativo. Um crime para 100 páginas, no máximo.

CONTRAEnrolação. Um monte de repetições e fatos que não ajudam em nada. Para se ter uma ideia, a pista crucial apareceu só na página 187! Sim, você precisa ler todo o resto, até chegar nessa página e ver que 10% do que você leu é importante para o crime. 

CONCLUSÃO: Enfim, não tem conteúdo suficiente para ser um livro inteiro. Poderia ser um conto, aí todas as pistas se juntariam em 2 ou 3 capítulos, 20 ou 30 páginas, e ficaria fascinante. Como eu disse, não é o crime que é ruim, mas sim a maneira como ele se desenvolve. Acho que Agatha pensou na história, mas cismou com a tal "memória de elefante". E todos os trocadilhos que ela fez com os elefantes, inclusive o de chamar as testemunhas assim, não caberiam em um conto, como os de " Os Primeiros Casos de Poirot". Por falar nele, tem um frase perfeita que explica bem o que quero dizer:

"Não fale em elefantes na carta. Não caberiam. Afinal, são animais gigantescos que ocupam muito espaço."   Nesse caso, ocuparam muitas páginas.

NOTA FINAL: 6. Romance policial tem que ter ritmo, e Agatha perdeu o ritmo da história nesse livro. Pouco crime pra muita página. Só que a gente aprende muito também. Nunca pensei que um cachorro fosse ter tanta importância! 

DICAS: O crime em si não é difícil. Semelhança com "Treze à Mesa" e "Convite Para Um Homicídio" Esqueça o motivo que fez a senhora Burton-Cox (é esse mesmo o nome) perguntar sobre esse crime. É insignificante, pura curiosidade de velha sanguessuga.
" Caro Mr. Poirot
Tentei marcar um encontro por intermédio de Ariadne Oliver, mas não foi possível. A secretária me informou que a patroa estava num safári na África. Presumi que viajou para caçar elefantes."
 Imagine Ariadne Oliver, com aquelas roupinhas do exército e um chapéu enorme, caçando elefantes na África!!
" - Uma série de sugestões e relatos diversificados!Não sei mais o que é verdade e o que é mentira." 
Aí está outro ponto. O livro inteiro senti que Agatha se esforçou para criar essa ideia na nossa cabeça. Não vi diferença alguma nos relatos das pessoas, excetuando as pistas, claro. Não é uma coisa do tipo A disse que viu Mary viva às 10:00. B disse que viu Mary morta às 8:40. Em quem vamos acreditar?
Não tem nada disso, há apenas uma ilusão de ótica.
 Um crime simples, narrado por elefantes diferentes, e com uma solução fácil. É isso que vai encontrar em "Os Elefantes Não Esquecem". E olha que ironia, jamais esquecerei essa história!Vai ver não era essa a intenção de Agatha? Afinal, quando se trata da Rainha do Crime, tudo é possível. "


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